quarta-feira, 4 de maio de 2011

Lua e agricultura

Caros leitores, mais uma vez estou aqui compartilhando com vocês temas relacionados à agricultura.
Nesta edição escrevo sobre algumas influências que a Lua exerce sobre a terra o como podemos aproveitar isto na agricultura.
Muitos já devem ter ouvido a expressões: “A lua não está favorável ao plantio”, “lua crescente plantar o que produz acima do chão e depois da cheia o que produz dentro da terra” ou então: “eu planto na terra e não na lua. O quê a lua tem haver com o dia de plantio?”.
A influência da lua sobre a vida na terra é comprovada e vivida por todo planeta. Talvez a espécie humana seja a que menos percebe e sente estas forças atuando. Afastamo-nos muito da natureza!  Temos a natureza, os recursos naturais como coisas a serem dominadas e exploradas e assim não percebemos estas sutis atuações das forças lunares.
Quando olhamos para o calendário anual, dividido em 12 meses e ao procurarmos a origem da palavra “mês”, verificamos que ela deriva (surge) do latim “mensis” que por sua vez deriva do grego e quer dizer Lua. Logo, a cada lua cheia se passa o período de um mês. Os sete dias da semana os intervalos entre uma fase e outra da lua (Cheia, Minguante, Nova, Crescente). Este período corresponde a 29,53059 dias. Hoje temos meses com 30 e 31 dias e o mês de fevereiro com 28 ou 29 em anos bissextos. Não seguimos exatamente os ciclos lunares para marcar o tempo. Foram feitos ajustes ao longo do tempo até chegarmos ao calendário que temos hoje.
A maior luminosidade no período de lua cheia proporciona um acréscimo no crescimento das plantas se comparado ao período de lua minguante e nova. Isto ocorre devido ao aumento da taxa de fotossíntese. Outro aspecto está relacionado à força da fase de lua cheia e a sua luminosidade sobre a germinação de sementes.
Fenômeno mais observado pelos agricultores é a maior ou menor circulação de seiva nas plantas. Do período que compreende do quarto crescente, passando pela cheia até o quarto minguante é quando há maior concentração e circulação de seiva na parte aérea das plantas. Do quarto minguante, passando pela lua nova até o quarto crescente é o período em que a seiva se concentra nas raízes.
No dia a dia, estas informações são uteis em duas situações: uma para corte de madeira para construções ou tabuas e outra no corte de madeira para uso como lenha.
No primeiro caso, quando do uso da madeira para construções ou tabuas, o objetivo é a maior resistência e a ausência de bichos (cupins, e outros insetos). Esta madeira é obtida quando a árvore é cortada no período em que tem pouca seiva na parte aérea, isto é, no período da lua minguante e se possível ainda nos meses sem erre (maio, junho, julho e agosto). A menor circulação de seiva reduz o teor de açucares e outros nutrientes (alimento dos insetos) na madeira e os espaços porosos da madeira são menores. Com isto há menos alimento para os “bichos” e maior resistência.
Quando o objetivo é a lenha se deseja maior espaço poroso e isto é obtido cortando a árvore no período de lua crescente até o inicio da minguante. Neste período há máxima circulação de seiva e ao secar esta seiva fica espaços porosos que são ocupados pelo ar, o combustível fundamental para boa queima da lenha e produção de calor.
Alem do corte de madeira tem a poda de árvores ou cana de açúcar de acordo com a fase da lua e tantas outras coisas mais, como o período mais favorável para colocar ovos numa choca para maior percentual de nascimento é o período de lua crescente.
Existe um calendário agrícola que indica os períodos mais favoráveis para semear ou manejar as diferentes culturas. Este calendário está disponível na sede do CAPA, em Santa Cruz.
Para quem quiser aprofundar um pouco mais seus conhecimentos sobre as influencias da lua na terra recomendo que leia o livro: La Luna: El sol nocturno em los trópicos y su influencia en la agricultura, de Jairo Restrepo Rivera.
Então a expressão: plantar de acordo com a fase da lua é verdadeira. O plantio é na terra, mas de olho na fase da lua!

Lauderson Holz
Engenheiro Agrônomo do CAPA
Extensão Vale do Taquari

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