quarta-feira, 24 de agosto de 2011

ORGÂNICOS PARA UMA VIDA MAIS SAUDÁVEL


SANTA CRUZ > Seminário abordou as principais vantagens do cultivo e consumo dos alimentos sem veneno


O agricultor ecologista Clécio Luiz Weber, de Vila Santa Emília, interior de Venâncio Aires, dedica-se à produção orgânica de alimentos há cerca de 20 anos. Tudo começou ainda na década de 80 e hoje se tornou uma paixão familiar. Com a ajuda da esposa Lori, ele cultiva frutas e hortigranjeiros sem o uso de agrotóxicos. É ligado ao Centro de Apoio ao Pequeno Produtor (Capa) e à Cooperativa Regional de Agricultores Familiares Ecologista Ltda (Ecovale) e, juntamente com outros produtores rurais, ajuda a difundir os benefícios de uma alimentação mais natural.
Aos 52 anos, Weber falou sobre sua experiência bem-sucedida durante o Seminário Macreorregional sobre Alimentação Orgânica: promovendo a saúde de quem consome e de quem produz. Realizado pelo Centro Regional de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest/Vales), através do Grupo de Discussão Permanente sobre Agrotóxicos e em parceria com o Capa e Emater-RS/Ascar, o evento reuniu profissionais de várias áreas no Clube Aliança, em Santa Cruz do Sul. O dia foi de palestras e mobilização em torno do assunto, através de palestras, relatos e debates.
Para o agricultor venâncio-airense, a produção de alimentos orgânicos exige um pouco mais de trabalho e mão de obra - razões pelas quais muitas famílias produtoras ainda não aderiram ao sistema. No entanto, reforça que vale a pena. “Trabalhamos com alegria, pois sabemos que não corremos riscos com o manejo das plantações, estamos preservando a natureza e oferecendo produtos mais saudáveis, nutritivos e saborosos aos consumidores”, argumenta. O produtor ecológico Alcides Telmo Müller, feirante da Associação dos Feirantes Ecológicos de Candelária (Afecan), também demonstrou suas experiências.

SENSIBILIZAÇÃO
Segundo o engenheiro agrônomo Assilo Martins Corrêa Junior, chefe do escritório local da Emater-RS/Ascar, um grupo de trabalho formado pela entidade em parceria com o Capa e Ceres/Vales se reúne mensalmente para discutir a questão da alimentação orgânica. Foram desses encontros que surgiu a ideia de promover o seminário com o objetivo de difundir a temática. “Queremos mostrar que é possível produzir sem veneno”, destaca. O cultivo orgânico também é uma forma de diversificar e agregar valor de mercado aos produtos. No entanto, Correa acredita que ainda é preciso mais sensibilização para difundir os benefícios para agricultores e consumidores.
O seminário ainda contou com palestras sobre produção orgânica de alimentos, com a professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Magnólia Aparecida da Silva; e sobre os benefícios da alimentação orgânica, ministrada pela nutricionista e extensionista da Emater/Ascar Regina Miranda. Tanto o lanche quanto almoço servidos aos presentes foram produzidos sem o uso de agrotóxicos. Para a coordenadora do Cerest/Vales, Micila Chielle, o momento é de reflexão para que se possa promover mudanças sociais em relação ao assunto, que em sua opinião deve ser tratado como uma questão de saúde pública.

Saiba mais
O Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo. Conforme os especialistas, o uso de agrotóxicos e o consumo de alimentos produzidos nesse sistema trazem sérias consequências para a saúde humana e para o meio ambiente. Para difundir os prejuízos do uso de agrotóxicos no mundo, foi criada a Campanha Permanente contra os Agrotóxicos e pela Vida. Por uma vida mais saudável, a alimentação orgânica é cada vez mais incentivada entre os consumidores, bem como a produção entre os agricultores. Estima-se que o cultivo orgânico no País cresça cerca de 30% ao ano, envolvendo grãos, hortaliças, doces, chás, laticínios, entre outros.
Michelle Treichel

Nenhum comentário:

Postar um comentário